terça-feira, 15 de junho de 2010

GRUPO G

Brasil [Favorita]

Pela primeira vez a defesa é mais celebrada que o ataque


O goleiro da Inter de Milão, vencedora da Liga dos Campeões, chega à África do Sul com a reputação de melhor do mundo


Zico, o maior jogador da história do Flamengo e um dos gênios do futebol brasileiro, já havia feito a ressalva quando o goleiro Júlio César começou a despontar como o grande destaque do Brasil nas eliminatórias. "Tem de tomar cuidado para não cair na rotina de nosso Júlio César ser sempre um dos melhores em campo, né?", disse. Zico incomodava-se com a prevalência de algo que não combina com a tradição do futebol brasileiro: a força defensiva. Preparemo-nos, porque pela primeira vez na história o Brasil chega à Copa com uma muralha quase intransponível, mais forte que o ataque. O trio da Inter de Milão - Júlio, além do zagueiro Lúcio e do lateral direito Maicon - parou Messi e Drogba na Liga dos Campeões. Juan, do Roma, e Michel Bastos, do Lyon, completam a turma de trás. Some-se a eles a proteção exercida pelos volantes Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano, e eis o pacote fechado.

Nos 53 jogos sob o comando de Dunga até a convocação final para a Copa, o time não levou gols em trinta. Números que causam inveja até aos reis da retranca. "Dificilmente se vê uma equipe que não se preocupa com a defesa vencer alguma coisa. Por isso a brasileira se tornou a seleção mais forte que existe", diz Marcello Lippi, técnico campeão do mundo com a Itália em 2006.

E o brilho de outras Copas? Será difícil vê-lo em campo. Mas convém não esquecer os passes longos de Kaká, os dribles rápidos de Robinho e as finalizações oportunistas de Luis Fabiano. Gênios da bola? Não há - mas muito possivelmente eles não farão falta a uma seleção firme e dedicada, à semelhança de seu treinador, Dunga.

Os craques


Kaká, 28 anos
Real Madrid (Espanha)
Vai à sua terceira Copa do Mundo, a primeira como grande estrela. Desde o fiasco na Alemanha, foi eleito o melhor do mundo em 2007 e protagonizou a terceira transferência mais cara da história, pelo equivalente a 180 milhões de reais - mais caros que ele, somente o português Cristiano Ronaldo, também do Real, comprado ao Manchester United por 256 milhões de reais, e o francês Zinedine Zidane. Kaká tem arrancadas fulminantes e geométricas, mas vem de uma temporada abalada por uma série de lesões.
Luis Fabiano, 29 anos
Sevilla (Espanha)
Atacante completo e oportunista, chuta bem com os dois pés e é bom pelo alto. Aprendeu a domar o gênio forte e ganhou seu lugar na seleção depois da suada vitória sobre o Uruguai, em 2007, por 2 a 1. Desde então, virou intocável com a camisa 9 pela boa série de gols marcados, com destaque para a artilharia na Copa das Confederações.





Portugal [Surpresa]

A dura vida da ressaca pós-Felipão


O craque

Cristiano Ronaldo, 25 anos
Real Madrid (Espanha)
O português da Ilha da Madeira foi eleito o melhor do mundo em 2008. No Real, já fez muito mais que Kaká. Rápido, habilidoso e forte, é difícil de ser marcado. Raro jogador a resolver partidas sozinho - apesar da displicência.

A saída de Luiz Felipe Scolari do comando da seleção portuguesa deixou marcas. Acostumados a bons desempenhos nos tempos de Felipão, os torcedores ficaram apavorados com o risco de o país não participar da Copa. A vaga veio apenas na repescagem, contra a Bósnia. Além da partida do treinador brasileiro, deu-se também o fim da chamada "Geração de Ouro", de Luís Figo e Rui Costa. Agora, o desafio de bom desempenho está nos pés (espetaculares) e na cabeça (nem tanto) de Cristiano Ronaldo. Destaque também para o trio de brasileiros naturalizados: o meio-campista Deco, o zagueiro Pepe e o atacante Liedson.

Fique de olho

Liedson, 32 anos
Sporting (Portugal)
O ex-corintiano e ex-flamenguista, naturalizado português, pôs fim à falta de atacantes no time. Compensa a baixa estatura com ótima impulsão.

Costa do Marfim [Surpresa]

Eles incomodam muita gente


O craque

Didier Drogba, 32 anos, foi eleito pela revista Time um dos 100 homens mais influentes do mundo, por gritar contra as desigualdades marfinenses. O atacante do Chelsea se destaca pela movimentação, pelos chutes potentes e pela força física, mas perde a cabeça com facilidade.

Os Elefantes tentam em sua segunda Copa consecutiva mostrar por que tiram o sono dos adversários. No início do ano, o time caiu nas quartas de final da Copa Africana de Nações, resultado que custou a cabeça do técnico bósnio Vahid Halilhodzic, substituído pelo sueco Sven-Göran Eriksson. Apesar do pouco tempo de trabalho, ele ao menos conta com um time mais experiente e formado por grandes nomes do futebol europeu, como Drogba e Kalou (Chelsea), Touré (Barcelona) e Eboué (Arsenal).

Coreia do Norte [Zebra]

Metáfora da ditadura

O craque

Hong Yong Jo, 28 anos, é o mais bem-sucedido futebolista de seu país. Capitão da seleção, o atacante começou no clube do Exército e passou pela Sérvia antes de ajudar o Rostov a deixar a segunda divisão russa.

A Coreia do Norte retorna a uma Copa depois de 44 anos. Em 1966, venceu a Itália - num dos resultados mais surpreendentes de todos os tempos - e deu muito trabalho a Portugal (perdeu por 5 a 3, depois de estar ganhando por 3 a 0). Agora, como antes, o segredo é o mistério. A seleção é uma metáfora do país: fechada, militarizada e, do ponto de vista dos adversários, perigosa. Sabe-se apenas que a correria é imensa e a marcação, muito rigorosa. Mas é uma equipe ingênua.

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